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O som que nos une: explorando a ligação entre audição e bem-estar emocional

Há um som que ecoa para além dos nossos ouvidos, que ressoa nas profundezas do nosso ser. É o som que nos conecta ao mundo e, mais importante ainda, que nos conecta uns aos outros. A audição, frequentemente relegada para segundo plano na nossa lista de preocupações de saúde, revela-se cada vez mais como um pilar fundamental do nosso bem-estar emocional e social.

Imagine por um momento um mundo sem sons: sem o riso das crianças, sem a melodia da sua música preferida, sem o sussurro carinhoso de quem ama. Esta não é apenas uma experiência sensorial reduzida - é uma desconexão profunda daquilo que nos torna humanos. A ciência começa agora a desvendar os fios invisíveis que ligam a nossa capacidade de ouvir à nossa saúde mental e qualidade de vida.

Os números contam uma história preocupante. Em Portugal, estima-se que mais de um milhão de pessoas sofram de perda auditiva, muitas das quais sem diagnóstico ou tratamento adequado. O que começa como uma dificuldade em acompanhar conversas em ambientes ruidosos pode evoluir para um isolamento social progressivo. As pessoas que sofrem de perda auditiva não tratada têm maior probabilidade de desenvolver depressão, ansiedade e mesmo declínio cognitivo.

Mas há esperança no horizonte. A tecnologia moderna trouxe avanços extraordinários na área da saúde auditiva. Os aparelhos auditivos deixaram de ser aqueles dispositivos volumosos e pouco discretos que muitos ainda imaginam. Hoje, são pequenas maravilhas tecnológicas que se adaptam perfeitamente ao estilo de vida de cada pessoa, oferecendo não apenas amplificação sonora, mas verdadeira inteligência auditiva.

O que poucos sabem é que a saúde auditiva começa muito antes de precisarmos de qualquer tipo de aparelho. A prevenção é a nossa maior aliada. A exposição prolongada a ruídos acima de 85 decibéis - equivalente ao trânsito intenso de uma cidade - pode causar danos irreversíveis nas células ciliadas do ouvido interno. E estas células, uma vez danificadas, não se regeneram.

A sociedade moderna apresenta desafios únicos para a nossa audição. Os fones, omnipresentes na vida contemporânea, tornaram-se tanto uma bênção como uma maldição. Enquanto nos permitem disfrutar de música e conteúdos audio em qualquer lugar, o uso excessivo e com volume elevado está a criar uma geração com problemas auditivos precoces. A regra dos 60/60 - não mais de 60% do volume máximo durante 60 minutos - deveria ser tão conhecida como qualquer outra recomendação de saúde pública.

Mas a audição vai além da simples captação de sons. É através dela que desenvolvemos a linguagem, que construímos relações, que partilhamos emoções. Um estudo recente da Universidade do Porto revelou que pessoas com perda auditiva que utilizam aparelhos adequados mostram melhorias significativas na sua qualidade de vida, não apenas na capacidade de comunicação, mas também nos níveis de autoestima e satisfação com a vida.

O processo de adaptação a um aparelho auditivo é, por si só, uma jornada de redescoberta. Muitos utilizadores relatam a emoção de voltar a ouvir sons que haviam esquecido: o canto dos pássaros ao amanhecer, o som da chuva a bater na janela, o tilintar das chaves. São estas pequenas sinfonias do quotidiano que dão cor e textura às nossas vidas.

A saúde auditiva em Portugal tem vindo a ganhar uma atenção crescente, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A literacia sobre o tema precisa de ser reforçada, desde as escolas até aos centros de saúde. A deteção precoce de problemas auditivos pode fazer toda a diferença entre uma vida de isolamento e uma vida plena e conectada.

As soluções passam por uma abordagem integrada que inclui educação, prevenção, diagnóstico precoce e reabilitação adequada. Os profissionais de saúde - desde médicos de família a otorrinolaringologistas e audiologistas - desempenham um papel crucial nesta equação. Mas a responsabilidade é de todos nós: em proteger a nossa audição, em estar atentos aos sinais de alerta nos que nos rodeiam, em quebrar o estigma ainda associado ao uso de aparelhos auditivos.

No final, o que está em jogo é mais do que a capacidade de ouvir - é a capacidade de participar plenamente na vida. É o poder de partilhar uma piada com amigos, de acompanhar as histórias dos netos, de disfrutar de um concerto ou simplesmente de ouvir o mundo à nossa volta. A audição é a ponte que nos liga aos outros, e cuidar dela é cuidar das nossas relações, das nossas emoções, da nossa humanidade.

O futuro da saúde auditiva em Portugal depende da forma como encaramos este tema hoje. Com mais informação, menos preconceitos e melhor acesso a cuidados de qualidade, podemos garantir que o som continue a ser uma fonte de alegria e conexão para todos os portugueses, em todas as fases das suas vidas.

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