Seguros e sustentabilidade: como as seguradoras portuguesas estão a responder às alterações climáticas
As alterações climáticas deixaram de ser uma ameaça distante para se tornarem numa realidade palpável que está a transformar o setor segurador em Portugal. Os eventos climáticos extremos, desde incêndios florestais devastadores a inundações sem precedentes, estão a forçar as seguradoras a repensar os seus modelos de negócio e a forma como avaliam o risco.
Nos últimos cinco anos, as indemnizações pagas por catástrofes naturais em Portugal aumentaram 47%, segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores. Este aumento vertiginoso está a obrigar as empresas do setor a desenvolver novas ferramentas de previsão e a criar produtos inovadores que protejam tanto os consumidores como a sua própria sustentabilidade financeira.
Uma das respostas mais interessantes tem sido o desenvolvimento de seguros paramétricos, que pagam automaticamente quando são atingidos certos limiares meteorológicos pré-definidos. Em vez de esperar por avaliações de danos demoradas, os agricultores do Alentejo já podem receber compensações em 48 horas quando a precipitação fica abaixo de níveis críticos durante períodos prolongados.
As seguradoras estão também a investir fortemente em tecnologia de monitorização. Drones equipados com sensores térmicos sobrevoam áreas florestais para detetar pontos de calor antes que se transformem em incêndios, enquanto sensores IoT em edifícios monitorizam em tempo real condições que possam levar a sinistros.
O setor está ainda a promover programas de prevenção ativa. Companhias como a Fidelidade e a Ageas oferecem descontos significativos a clientes que instalem sistemas de proteção contra incêndios ou que façam obras de reforço contra inundações. É uma mudança de paradigma: de meras pagadoras de indemnizações para parceiras na gestão proativa do risco.
A digitalização tem sido outro pilar fundamental. Plataformas online permitem agora simular prémios em função das características específicas de cada propriedade, considerando fatores como a proximidade de linhas de água, o tipo de construção e até a vegetação circundante. Esta personalização extrema está a tornar os seguros mais justos e acessíveis.
No entanto, desafios significativos persistem. Muitas zonas do país estão a tornar-se progressivamente mais difíceis de segurar, particularmente áreas costeiras ameaçadas pela subida do nível do mar e regiões interiores vulneráveis à desertificação. As seguradoras enfrentam o dilema entre a sua missão social de proteção e a necessidade de manter a sustentabilidade financeira.
A regulação também está a evoluir rapidamente. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões tem vindo a pressionar as empresas para incorporarem critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) nas suas operações, incluindo a exigência de stress tests climáticos regulares.
Os consumidores, por seu lado, estão cada vez mais conscientes e exigentes. Pesquisas recentes mostram que 68% dos portugueses preferem seguradoras com políticas ambientais claras e que este fator influencia diretamente as suas escolhas.
O futuro aponta para seguros cada vez mais inteligentes e preventivos. A integração de inteligência artificial promete revolucionar a deteção precoce de riscos, enquanto os blockchain poderão agilizar drasticamente os processos de indemnização.
Num país particularmente vulnerável às alterações climáticas, o setor segurador português está na linha da frente de uma transformação necessária. A forma como responder a este desafio definirá não apenas o futuro das próprias empresas, mas a resiliência de toda a economia nacional face a um clima em rápida mutação.
Nos últimos cinco anos, as indemnizações pagas por catástrofes naturais em Portugal aumentaram 47%, segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores. Este aumento vertiginoso está a obrigar as empresas do setor a desenvolver novas ferramentas de previsão e a criar produtos inovadores que protejam tanto os consumidores como a sua própria sustentabilidade financeira.
Uma das respostas mais interessantes tem sido o desenvolvimento de seguros paramétricos, que pagam automaticamente quando são atingidos certos limiares meteorológicos pré-definidos. Em vez de esperar por avaliações de danos demoradas, os agricultores do Alentejo já podem receber compensações em 48 horas quando a precipitação fica abaixo de níveis críticos durante períodos prolongados.
As seguradoras estão também a investir fortemente em tecnologia de monitorização. Drones equipados com sensores térmicos sobrevoam áreas florestais para detetar pontos de calor antes que se transformem em incêndios, enquanto sensores IoT em edifícios monitorizam em tempo real condições que possam levar a sinistros.
O setor está ainda a promover programas de prevenção ativa. Companhias como a Fidelidade e a Ageas oferecem descontos significativos a clientes que instalem sistemas de proteção contra incêndios ou que façam obras de reforço contra inundações. É uma mudança de paradigma: de meras pagadoras de indemnizações para parceiras na gestão proativa do risco.
A digitalização tem sido outro pilar fundamental. Plataformas online permitem agora simular prémios em função das características específicas de cada propriedade, considerando fatores como a proximidade de linhas de água, o tipo de construção e até a vegetação circundante. Esta personalização extrema está a tornar os seguros mais justos e acessíveis.
No entanto, desafios significativos persistem. Muitas zonas do país estão a tornar-se progressivamente mais difíceis de segurar, particularmente áreas costeiras ameaçadas pela subida do nível do mar e regiões interiores vulneráveis à desertificação. As seguradoras enfrentam o dilema entre a sua missão social de proteção e a necessidade de manter a sustentabilidade financeira.
A regulação também está a evoluir rapidamente. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões tem vindo a pressionar as empresas para incorporarem critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) nas suas operações, incluindo a exigência de stress tests climáticos regulares.
Os consumidores, por seu lado, estão cada vez mais conscientes e exigentes. Pesquisas recentes mostram que 68% dos portugueses preferem seguradoras com políticas ambientais claras e que este fator influencia diretamente as suas escolhas.
O futuro aponta para seguros cada vez mais inteligentes e preventivos. A integração de inteligência artificial promete revolucionar a deteção precoce de riscos, enquanto os blockchain poderão agilizar drasticamente os processos de indemnização.
Num país particularmente vulnerável às alterações climáticas, o setor segurador português está na linha da frente de uma transformação necessária. A forma como responder a este desafio definirá não apenas o futuro das próprias empresas, mas a resiliência de toda a economia nacional face a um clima em rápida mutação.