Seguros em Portugal: o que as seguradoras não contam sobre os seus prémios
Quando recebe a fatura do seguro do carro ou da casa, alguma vez se questionou sobre como é calculado o valor que paga? A verdade é que os critérios usados pelas seguradoras portuguesas para definir os prémios são mais complexos - e por vezes mais questionáveis - do que imaginamos.
Nos últimos meses, uma análise detalhada aos setores financeiros revelou que as seguradoras nacionais têm vindo a implementar algoritmos de precificação cada vez mais sofisticados. Estes sistemas analisam desde o seu código postal até aos seus hábitos de compra online, criando um perfil de risco que vai muito além da tradicional análise de sinistralidade.
O que poucos consumidores sabem é que o mesmo seguro pode custar até 40% mais caro consoante a zona do país onde reside. Um condutor de 30 anos com um carro idêntico e histórico similar paga valores radicalmente diferentes se viver no centro de Lisboa ou numa aldeia do interior alentejano. A justificação? As seguradoras alegam diferenças no risco de sinistro, mas os dados nem sempre sustentam estas disparidades.
A digitalização trouxe novas oportunidades - e novos perigos. Muitas companhias estão agora a utilizar dados de telemóveis para analisar padrões de condução. A velocidade média, a forma como trava, até os horários em que circula - tudo é matéria-prima para calcular o seu prémio. O problema é que esta recolha massiva de dados ocorre muitas vezes sem o conhecimento explícito dos clientes.
Nos seguros de saúde, a situação é igualmente complexa. As apólices mais baratas escondem frequentemente limitações que só são descobertas na hora do tratamento. Exclusões para doenças pré-existentes, limites em exames de diagnóstico e restrições na escolha de médicos são algumas das armadilhas que esperam pelos desprevenidos.
A revolução dos seguros parametrizados chegou a Portugal com a promessa de preços mais justos. Estes produtos, que pagam consoante o uso real (como quilómetros percorridos no seguro automóvel), parecem a solução ideal. Mas a realidade é que os dados recolhidos podem ser usados para muito mais do que calcular prémios - incluindo a revenda a terceiros para fins de marketing.
Os seguros de viagem tornaram-se particularmente relevantes no pós-pandemia. No entanto, as cláusulas relacionadas com cancelamentos por motivos de saúde tornaram-se mais restritivas. Muitas apólices excluem agora cobertura para doenças que eram consideradas normais há dois anos, criando um vazio de proteção para os viajantes.
No universo dos seguros empresariais, as pequenas e médias empresas enfrentam desafios únicos. As apólices padrão raramente cobrem riscos específicos como interrupções de negócio por falhas tecnológicas ou danos reputacionais nas redes sociais. Esta falta de especialização força as empresas a pagar por coberturas que não precisam ou a ficar expostas a riscos críticos.
O setor segurador português atravessa uma transformação digital acelerada. As insurtechs - startups de seguros - estão a desafiar as tradicionais com produtos mais flexíveis e transparentes. No entanto, a regulamentação ainda não acompanhou totalmente esta evolução, deixando os consumidores num terreno pouco claro em termos de proteção de dados e direitos.
A sustentabilidade entrou no vocabulário das seguradoras, com produtos "verdes" que prometem prémios mais baixos para veículos elétricos ou casas energeticamente eficientes. Mas será que estas iniciativas são realmente ecológicas ou apenas estratégias de marketing bem elaboradas? A falta de padrões claros permite que algumas empresas usem o "greenwashing" como ferramenta comercial.
A literacia financeira dos portugueses em matéria de seguros continua baixa. Um estudo recente mostrou que 65% dos consumidores não compreende totalmente os termos das suas apólices. Esta falta de conhecimento torna-os vulneráveis a vendas agressivas e a produtos inadequados para as suas necessidades reais.
As seguradoras argumentam que os preços mais elevados refletem o aumento dos custos com sinistros, especialmente em áreas como a saúde e os automóveis. No entanto, os lucros recorde do setor nos últimos anos levantam questões sobre se os consumidores não estarão a pagar mais do que o necessário.
A supervisão da ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões - tem-se intensificado, mas os recursos limitados da autoridade reguladora dificultam uma fiscalização eficaz de todas as práticas do setor. Os consumidores que se sentem prejudicados enfrentam processos de reclamação longos e complexos.
O futuro dos seguros em Portugal passa por uma maior personalização, mas também por uma maior transparência. Os consumidores exigem cada vez mais saber como são calculados os seus prémios e que dados são usados nesse cálculo. A pressão para uma regulamentação mais rigorosa está a crescer, tanto a nível nacional como europeu.
Enquanto isso, o conselho para os portugueses é simples: leiam as letras pequenas, comparem propostas de diferentes seguradoras e não tenham medo de questionar os critérios de precificação. Afinal, quando se trata de seguros, o diabo está mesmo nos detalhes - e esses detalhes podem custar-lhe centenas de euros por ano.
Nos últimos meses, uma análise detalhada aos setores financeiros revelou que as seguradoras nacionais têm vindo a implementar algoritmos de precificação cada vez mais sofisticados. Estes sistemas analisam desde o seu código postal até aos seus hábitos de compra online, criando um perfil de risco que vai muito além da tradicional análise de sinistralidade.
O que poucos consumidores sabem é que o mesmo seguro pode custar até 40% mais caro consoante a zona do país onde reside. Um condutor de 30 anos com um carro idêntico e histórico similar paga valores radicalmente diferentes se viver no centro de Lisboa ou numa aldeia do interior alentejano. A justificação? As seguradoras alegam diferenças no risco de sinistro, mas os dados nem sempre sustentam estas disparidades.
A digitalização trouxe novas oportunidades - e novos perigos. Muitas companhias estão agora a utilizar dados de telemóveis para analisar padrões de condução. A velocidade média, a forma como trava, até os horários em que circula - tudo é matéria-prima para calcular o seu prémio. O problema é que esta recolha massiva de dados ocorre muitas vezes sem o conhecimento explícito dos clientes.
Nos seguros de saúde, a situação é igualmente complexa. As apólices mais baratas escondem frequentemente limitações que só são descobertas na hora do tratamento. Exclusões para doenças pré-existentes, limites em exames de diagnóstico e restrições na escolha de médicos são algumas das armadilhas que esperam pelos desprevenidos.
A revolução dos seguros parametrizados chegou a Portugal com a promessa de preços mais justos. Estes produtos, que pagam consoante o uso real (como quilómetros percorridos no seguro automóvel), parecem a solução ideal. Mas a realidade é que os dados recolhidos podem ser usados para muito mais do que calcular prémios - incluindo a revenda a terceiros para fins de marketing.
Os seguros de viagem tornaram-se particularmente relevantes no pós-pandemia. No entanto, as cláusulas relacionadas com cancelamentos por motivos de saúde tornaram-se mais restritivas. Muitas apólices excluem agora cobertura para doenças que eram consideradas normais há dois anos, criando um vazio de proteção para os viajantes.
No universo dos seguros empresariais, as pequenas e médias empresas enfrentam desafios únicos. As apólices padrão raramente cobrem riscos específicos como interrupções de negócio por falhas tecnológicas ou danos reputacionais nas redes sociais. Esta falta de especialização força as empresas a pagar por coberturas que não precisam ou a ficar expostas a riscos críticos.
O setor segurador português atravessa uma transformação digital acelerada. As insurtechs - startups de seguros - estão a desafiar as tradicionais com produtos mais flexíveis e transparentes. No entanto, a regulamentação ainda não acompanhou totalmente esta evolução, deixando os consumidores num terreno pouco claro em termos de proteção de dados e direitos.
A sustentabilidade entrou no vocabulário das seguradoras, com produtos "verdes" que prometem prémios mais baixos para veículos elétricos ou casas energeticamente eficientes. Mas será que estas iniciativas são realmente ecológicas ou apenas estratégias de marketing bem elaboradas? A falta de padrões claros permite que algumas empresas usem o "greenwashing" como ferramenta comercial.
A literacia financeira dos portugueses em matéria de seguros continua baixa. Um estudo recente mostrou que 65% dos consumidores não compreende totalmente os termos das suas apólices. Esta falta de conhecimento torna-os vulneráveis a vendas agressivas e a produtos inadequados para as suas necessidades reais.
As seguradoras argumentam que os preços mais elevados refletem o aumento dos custos com sinistros, especialmente em áreas como a saúde e os automóveis. No entanto, os lucros recorde do setor nos últimos anos levantam questões sobre se os consumidores não estarão a pagar mais do que o necessário.
A supervisão da ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões - tem-se intensificado, mas os recursos limitados da autoridade reguladora dificultam uma fiscalização eficaz de todas as práticas do setor. Os consumidores que se sentem prejudicados enfrentam processos de reclamação longos e complexos.
O futuro dos seguros em Portugal passa por uma maior personalização, mas também por uma maior transparência. Os consumidores exigem cada vez mais saber como são calculados os seus prémios e que dados são usados nesse cálculo. A pressão para uma regulamentação mais rigorosa está a crescer, tanto a nível nacional como europeu.
Enquanto isso, o conselho para os portugueses é simples: leiam as letras pequenas, comparem propostas de diferentes seguradoras e não tenham medo de questionar os critérios de precificação. Afinal, quando se trata de seguros, o diabo está mesmo nos detalhes - e esses detalhes podem custar-lhe centenas de euros por ano.