Seguros em Portugal: o que as seguradoras não querem que saiba sobre as novas regras
O setor dos seguros em Portugal está a atravessar uma transformação silenciosa que vai afetar milhões de portugueses. Enquanto as seguradoras apresentam relatórios otimistas sobre o crescimento do mercado, os consumidores continuam a enfrentar aumentos de prémios que parecem não ter justificação clara. A verdade é que as regras do jogo estão a mudar, e poucos estão a prestar atenção.
Nos últimos meses, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) tem implementado novas diretivas europeias que obrigam as seguradoras a serem mais transparentes sobre os critérios de cálculo dos prémios. No entanto, a aplicação prática destas regras tem sido lenta e cheia de exceções que beneficiam as grandes companhias. Os consumidores continuam a receber comunicações de renovação com aumentos que variam entre 5% e 15%, sem uma explicação detalhada sobre o que motivou essa subida.
A digitalização forçada pela pandemia criou novas oportunidades e riscos. As seguradoras estão a investir milhões em inteligência artificial para análise de risco, mas essa tecnologia está a ser usada para segmentar os clientes de forma cada vez mais agressiva. Quem tem um perfil considerado de "alto risco" - seja pela idade, profissão ou localização geográfica - está a ser penalizado com prémios que tornam alguns seguros praticamente inacessíveis.
O mercado dos seguros de saúde vive um paradoxo preocupante. Por um lado, nunca houve tanta oferta de seguros de saúde privados. Por outro, as exclusões e limitações de cobertura multiplicam-se nos contratos. Muitos portugueses descobrem apenas quando precisam que o seu seguro não cobre tratamentos específicos ou que tem limites muito baixos para determinadas especialidades. As cláusulas de reembolso tornaram-se labirintos jurídicos que poucos conseguem decifrar.
Nos seguros automóveis, a situação não é mais animadora. O sistema de bonificação-malus, que deveria premiar os bons condutores, tem sido alvo de manipulações por parte das seguradoras. Os critérios para determinar quem sobe ou desce de escalão são tão complexos que se tornam opacos para o comum dos mortais. E enquanto os prémios continuam a subir, as indemnizações por acidentes têm vindo a ser reduzidas através de interpretações restritivas do Código Civil.
A grande revolução que se avizinha no setor vem da tecnologia blockchain. Várias seguradoras estão a testar sistemas baseados nesta tecnologia que prometem reduzir a fraude e acelerar os processos de indemnização. No entanto, especialistas alertam que estas inovações podem criar novos problemas de privacidade e exclusão digital para os clientes menos familiarizados com as novas tecnologias.
Os seguros de vida enfrentam o seu próprio conjunto de desafios. Com o aumento da esperança média de vida, as seguradoras estão a recalcular as suas tabelas de mortalidade, o que se traduz em prémios mais elevados para os seguros de vida tradicionais. Ao mesmo tempo, surgem novos produtos como os seguros de vida ligados a investimentos, que misturam proteção com poupança, mas que envolvem riscos que muitos consumidores não compreendem completamente.
O fenómeno das insurtechs - startups de seguros - prometia trazer concorrência e inovação ao mercado. No entanto, a maioria destas empresas acabou por ser adquirida pelos grandes grupos seguradores ou viu-se forçada a abandonar o mercado português devido às barreiras regulatórias. O resultado é que a concentração do setor continua elevada, com poucas alternativas reais para os consumidores.
As alterações climáticas representam outro desafio monumental para o setor. Os eventos climáticos extremos estão a tornar-se mais frequentes e intensos, levando a um aumento significativo das indemnizações por catástrofes naturais. As seguradoras respondem com exclusões cada vez mais abrangentes nos contratos ou com aumentos de prémios que tornam alguns seguros, como os de incêndio florestal, proibitivos para muitas famílias.
A proteção de dados tornou-se uma preocupação central no setor. As seguradoras recolhem quantidades massivas de informação sobre os seus clientes, desde hábitos de condução (através de caixas negras nos carros) até dados de saúde. A questão que se coloca é: até que ponto esta recolha de dados serve para melhorar os serviços e até que ponto é usada para discriminar clientes considerados menos rentáveis?
Os seguros de crédito e garantia enfrentam escrutínio crescente por parte das autoridades. Muitos consumidores queixam-se de que estes seguros, muitas vezes vendidos em conjunto com empréstimos ou cartões de crédito, têm coberturas limitadas e condições de ativação tão restritivas que se tornam praticamente inúteis quando realmente são necessários.
O futuro dos seguros em Portugal dependerá em grande medida da capacidade do setor em equilibrar a sustentabilidade financeira com a proteção real dos consumidores. As autoridades reguladoras enfrentam o desafio de supervisionar um setor em rápida transformação, enquanto os consumidores precisam de estar mais informados sobre os seus direitos e as opções disponíveis no mercado.
A verdade é que comprar um seguro deixou de ser uma simples transação comercial para se tornar uma decisão estratégica que requer pesquisa, comparação e, acima de tudo, compreensão das letras pequenas. Num mercado cada vez mais complexo, a educação financeira dos consumidores torna-se tão importante quanto a solvência das seguradoras.
Nos últimos meses, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) tem implementado novas diretivas europeias que obrigam as seguradoras a serem mais transparentes sobre os critérios de cálculo dos prémios. No entanto, a aplicação prática destas regras tem sido lenta e cheia de exceções que beneficiam as grandes companhias. Os consumidores continuam a receber comunicações de renovação com aumentos que variam entre 5% e 15%, sem uma explicação detalhada sobre o que motivou essa subida.
A digitalização forçada pela pandemia criou novas oportunidades e riscos. As seguradoras estão a investir milhões em inteligência artificial para análise de risco, mas essa tecnologia está a ser usada para segmentar os clientes de forma cada vez mais agressiva. Quem tem um perfil considerado de "alto risco" - seja pela idade, profissão ou localização geográfica - está a ser penalizado com prémios que tornam alguns seguros praticamente inacessíveis.
O mercado dos seguros de saúde vive um paradoxo preocupante. Por um lado, nunca houve tanta oferta de seguros de saúde privados. Por outro, as exclusões e limitações de cobertura multiplicam-se nos contratos. Muitos portugueses descobrem apenas quando precisam que o seu seguro não cobre tratamentos específicos ou que tem limites muito baixos para determinadas especialidades. As cláusulas de reembolso tornaram-se labirintos jurídicos que poucos conseguem decifrar.
Nos seguros automóveis, a situação não é mais animadora. O sistema de bonificação-malus, que deveria premiar os bons condutores, tem sido alvo de manipulações por parte das seguradoras. Os critérios para determinar quem sobe ou desce de escalão são tão complexos que se tornam opacos para o comum dos mortais. E enquanto os prémios continuam a subir, as indemnizações por acidentes têm vindo a ser reduzidas através de interpretações restritivas do Código Civil.
A grande revolução que se avizinha no setor vem da tecnologia blockchain. Várias seguradoras estão a testar sistemas baseados nesta tecnologia que prometem reduzir a fraude e acelerar os processos de indemnização. No entanto, especialistas alertam que estas inovações podem criar novos problemas de privacidade e exclusão digital para os clientes menos familiarizados com as novas tecnologias.
Os seguros de vida enfrentam o seu próprio conjunto de desafios. Com o aumento da esperança média de vida, as seguradoras estão a recalcular as suas tabelas de mortalidade, o que se traduz em prémios mais elevados para os seguros de vida tradicionais. Ao mesmo tempo, surgem novos produtos como os seguros de vida ligados a investimentos, que misturam proteção com poupança, mas que envolvem riscos que muitos consumidores não compreendem completamente.
O fenómeno das insurtechs - startups de seguros - prometia trazer concorrência e inovação ao mercado. No entanto, a maioria destas empresas acabou por ser adquirida pelos grandes grupos seguradores ou viu-se forçada a abandonar o mercado português devido às barreiras regulatórias. O resultado é que a concentração do setor continua elevada, com poucas alternativas reais para os consumidores.
As alterações climáticas representam outro desafio monumental para o setor. Os eventos climáticos extremos estão a tornar-se mais frequentes e intensos, levando a um aumento significativo das indemnizações por catástrofes naturais. As seguradoras respondem com exclusões cada vez mais abrangentes nos contratos ou com aumentos de prémios que tornam alguns seguros, como os de incêndio florestal, proibitivos para muitas famílias.
A proteção de dados tornou-se uma preocupação central no setor. As seguradoras recolhem quantidades massivas de informação sobre os seus clientes, desde hábitos de condução (através de caixas negras nos carros) até dados de saúde. A questão que se coloca é: até que ponto esta recolha de dados serve para melhorar os serviços e até que ponto é usada para discriminar clientes considerados menos rentáveis?
Os seguros de crédito e garantia enfrentam escrutínio crescente por parte das autoridades. Muitos consumidores queixam-se de que estes seguros, muitas vezes vendidos em conjunto com empréstimos ou cartões de crédito, têm coberturas limitadas e condições de ativação tão restritivas que se tornam praticamente inúteis quando realmente são necessários.
O futuro dos seguros em Portugal dependerá em grande medida da capacidade do setor em equilibrar a sustentabilidade financeira com a proteção real dos consumidores. As autoridades reguladoras enfrentam o desafio de supervisionar um setor em rápida transformação, enquanto os consumidores precisam de estar mais informados sobre os seus direitos e as opções disponíveis no mercado.
A verdade é que comprar um seguro deixou de ser uma simples transação comercial para se tornar uma decisão estratégica que requer pesquisa, comparação e, acima de tudo, compreensão das letras pequenas. Num mercado cada vez mais complexo, a educação financeira dos consumidores torna-se tão importante quanto a solvência das seguradoras.