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Seguros em Portugal: o que muda com a digitalização e as novas exigências dos consumidores

O setor dos seguros em Portugal atravessa uma transformação silenciosa mas profunda. Enquanto as seguradoras tradicionais lutam para se adaptar às novas realidades digitais, os consumidores portugueses exigem cada vez mais transparência, personalização e rapidez nos serviços. Esta revolução está a acontecer nos gabinetes de gestão das maiores companhias do país, mas também nas cozinhas dos portugueses que procuram proteção para os seus bens e famílias.

A digitalização não é apenas uma palavra da moda no setor segurador. Tornou-se uma questão de sobrevivência. As seguradoras que resistiram à adoção de tecnologias digitais durante a pandemia viram-se forçadas a acelerar processos que estavam adiados há anos. O teletrabalho, as assinaturas eletrónicas e as videoconferências com mediadores tornaram-se o novo normal. Mas será que esta adaptação foi suficiente para responder às verdadeiras necessidades dos portugueses?

Os dados mais recentes mostram que os seguros de saúde continuam a ser os mais procurados, com um crescimento de 12% no último ano. A pandemia deixou marcas profundas na consciência coletiva sobre a importância de ter acesso a cuidados de saúde de qualidade. No entanto, os preços destes seguros aumentaram em média 8%, colocando pressão adicional nos orçamentos familiares já afectados pela inflação.

No segmento automóvel, assistimos a uma mudança de paradigma interessante. Os seguros pay-as-you-drive ganham terreno entre os condutores mais jovens, que valorizam a flexibilidade e a personalização dos prémios. As seguradoras que investiram em telemetria e análise de dados de condução estão a colher os frutos desta aposta, enquanto as mais tradicionais veem a sua base de clientes envelhecer sem conseguir atrair as novas gerações.

O mercado imobiliário em alta trouxe consigo um aumento significativo nos seguros habitacionais. Os portugueses estão mais conscientes da necessidade de proteger o seu maior investimento, especialmente face aos fenómenos climáticos extremos que têm afectado o país. As cheias no distrito de Lisboa no último inverno serviram de alerta para muitos proprietários que até então consideravam os seguros contra catástrofes naturais como uma despesa dispensável.

As seguradoras enfrentam outro desafio: a literacia financeira dos portugueses. Um estudo recente revela que 65% dos consumidores não compreende completamente os termos e condições dos seus seguros. Esta falta de compreensão leva a que muitos portugueses estejam subsegurados ou, pelo contrário, paguem por coberturas desnecessárias. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões tem vindo a alertar para esta situação, pressionando as companhias a simplificar a linguagem das apólices.

A sustentabilidade é outra tendência que está a moldar o futuro dos seguros em Portugal. As seguradoras começam a oferecer descontos para veículos elétricos, habitações com certificação energética e empresas com políticas ambientais robustas. Esta não é apenas uma questão de imagem – representa uma mudança fundamental na forma como o risco é calculado e precificado.

Os seguros de cibernéticos são a nova fronteira do setor. Com o aumento do teletrabalho e a digitalização das empresas, os riscos cibernéticos tornaram-se uma preocupação real para pequenas e médias empresas. Muitas destas empresas ainda não têm cobertura adequada, expondo-se a riscos financeiros significativos em caso de ataques ou violação de dados.

O setor dos seguros em Portugal está numa encruzilhada. Por um lado, as tradicionais agências físicas continuam a ser importantes, especialmente para a população mais idosa. Por outro, a geração mais jovem exige soluções completamente digitais e instantâneas. As seguradoras que conseguirem equilibrar estas duas realidades serão as que sobreviverão e prosperarão na próxima década.

A concorrência está a aumentar não apenas entre as seguradoras tradicionais, mas também com a entrada de novas players digitais e até de grandes retalhistas que oferecem seguros como parte dos seus serviços. Esta diversificação do mercado é benéfica para os consumidores, que têm mais opções e preços mais competitivos.

O futuro dos seguros em Portugal dependerá da capacidade das companhias em antecipar as necessidades dos consumidores e em adaptar-se rapidamente às mudanças tecnológicas e sociais. A personalização, a transparência e a simplicidade serão as palavras-chave para o sucesso neste novo panorama. Os portugueses estão mais informados e exigentes do que nunca, e as seguradoras que não acompanharem esta evolução arriscam-se a ficar para trás num mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.

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