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Seguro para animais de estimação: o guia completo que os donos portugueses precisam de ler

Num país onde mais de metade dos lares tem pelo menos um animal de estimação, a relação entre portugueses e os seus companheiros de quatro patas transformou-se num verdadeiro membro da família. No entanto, poucos são os que se preparam para uma das realidades mais cruéis da posse responsável: os custos veterinários imprevistos que podem atingir valores astronómicos.

Imagine esta cena: são 3 da manhã, o seu cão começa a ter convulsões e a única clínica aberta fica a 50 quilómetros. A consulta de emergência custa 150 euros, os exames outros 300, e a medicação especializada mais 200 por mês. De repente, aquele membro da família torna-se num poço financeiro sem fundo. Esta não é uma história rara - acontece diariamente em Portugal.

Os seguros para animais surgiram como resposta a este dilema moderno, mas a indústria ainda é uma desconhecida para a maioria dos donos. Enquanto no Reino Unido mais de 25% dos cães têm seguro, em Portugal essa percentagem não chega aos 5%. Porquê tanta resistência? A resposta pode estar na falta de informação transparente sobre o que realmente cobre cada apólice.

Há três tipos principais de seguros no mercado português: o básico (que cobre apenas acidentes), o intermédio (acidentes e algumas doenças) e o completo (que inclui até consultas de rotina e vacinas). Os preços variam entre 10 e 50 euros mensais, dependendo da raça, idade e historial clínico do animal. Cães de raças consideradas perigosas ou com predisposição para doenças hereditárias pagam sempre mais.

A grande armadilha que muitos donos desconhecem são os períodos de carência. Se o seu animal desenvolver uma doença nos primeiros 30 dias após a contratação do seguro, muito provavelmente não será coberto. O mesmo acontece com condições pré-existentes - se o seu gato já tinha problemas renais antes do seguro, esqueça a cobertura para essa patologia específica.

Mas há esperança no horizonte. Nos últimos dois anos, surgiram em Portugal seguradoras especializadas apenas em animais, com coberturas mais adaptadas à realidade nacional. Algumas oferecem até telemedicina veterinária incluída, permitindo que donos de zonas rurais tenham acesso a especialistas sem sair de casa.

O caso da Marta, uma professora de 34 anos de Aveiro, ilustra perfeitamente o valor destes seguros. O seu golden retriever, Zeus, precisou de uma cirurgia de displasia da anca que custou 2.500 euros. Como tinha um seguro completo desde que Zeus era cachorro, apenas pagou 150 euros da franquia. Sem seguro, teria de escolher entre a saúde do seu companheiro e as suas poupanças.

No entanto, nem todas as histórias têm final feliz. O Carlos, um reformado de Braga, descobriu da pior maneira que o seu seguro barato de 12 euros mensais não cobria o tratamento oncológico do seu gato siamês. O custo total do tratamento: 3.000 euros que não tinha. Situações como esta mostram a importância de ler as letras pequenas antes de assinar qualquer contrato.

Os especialistas recomendam que se contrate o seguro quando o animal é jovem e saudável, pois assim evita-se que condições desenvolvidas posteriormente sejam consideradas pré-existentes. Além disso, a maioria das apólices tem limite de idade para entrada - geralmente até 8 anos para cães e 10 para gatos.

O futuro dos seguros para animais em Portugal parece promissor. Com a humanização crescente dos pets e o aumento dos custos veterinários, cada vez mais portugueses estão a considerar esta proteção não como um luxo, mas como uma necessidade. As seguradoras, por sua vez, começam a oferecer produtos mais flexíveis e adaptados a diferentes realidades económicas.

No final, a decisão de segurar ou não o animal resume-se a uma questão: até que ponto está disposto a arriscar a saúde do seu companheiro e a sua estabilidade financeira? Num país onde os animais são cada vez mais família, talvez a resposta seja mais óbvia do que parece.

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