O futuro do crédito em Portugal: entre a revolução digital e os novos desafios dos consumidores

O futuro do crédito em Portugal: entre a revolução digital e os novos desafios dos consumidores
Nos últimos meses, os principais portais económicos portugueses têm dedicado atenção crescente a um tema que toca diretamente milhões de portugueses: a transformação do setor do crédito. Enquanto o Observador destacava a subida das taxas de juro e o Jornal de Negócios analisava o impacto da inflação no poder de compra, uma revolução silenciosa está a acontecer nos bastidores do sistema financeiro.

A digitalização acelerada pela pandemia veio para ficar, e os bancos tradicionais enfrentam agora uma concorrência feroz de fintechs que prometem processos mais rápidos, transparentes e adaptados às novas realidades económicas. A ECO noticiou recentemente que as plataformas de crédito colaborativo estão a crescer a dois dígitos, enquanto o Dinheiro Vivo alertava para os riscos dos empréstimos instantâneos sem avaliação adequada.

O que significa esta mudança para o consumidor comum? Por um lado, maior acesso e conveniência. Já é possível contratar um crédito habitação através do telemóvel em poucas horas, sem a burocracia que caracterizava o processo há uma década. Por outro, surgem novos perigos: a facilidade de acesso pode levar a sobre-endividamento, e a falta de contacto humano torna mais difícil o aconselhamento personalizado.

O Jornal Económico trouxe a lume um dado preocupante: 40% dos portugueses não compreendem totalmente os contratos de crédito que assinam. Esta lacuna de literacia financeira torna-os vulneráveis a produtos complexos ou a condições abusivas. Enquanto isso, a Economia do Dinheiro Vivo destacava casos de famílias que viram as suas prestações subir drasticamente com o aumento das taxas Euribor.

A regulação tenta acompanhar estas mudanças. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários anunciou recentemente novas diretivas para proteger os consumidores, mas especialistas ouvidos pelo Observador questionam se as medidas são suficientes face à velocidade da inovação financeira. O desafio é equilibrar a proteção do consumidor com a necessária modernização do sector.

Um fenómeno interessante que tem passado relativamente despercebido é o crescimento do crédito entre particulares. Plataformas que conectam investidores a pessoas que precisam de empréstimos estão a ganhar terreno, oferecendo taxas mais competitivas que os bancos tradicionais. O Dinheiro Vivo relatou casos de sucesso, mas também alertou para a necessidade de maior supervisão neste mercado emergente.

O crédito ao consumo também está a mudar radicalmente. As lojas online oferecem agora financiamento instantâneo no momento da compra, muitas vezes com taxas zero durante períodos promocionais. Esta facilidade, no entanto, esconde armadilhas: a ECO documentou casos de consumidores que acabaram a pagar juros elevadíssimos após o período de carência, sem plena consciência das condições.

Para as pequenas e médias empresas, o panorama é igualmente complexo. O Jornal de Negócios mostrou que o acesso ao crédito continua a ser uma das principais dificuldades para os empreendedores portugueses, especialmente para startups e negócios inovadores. Os bancos mantêm critérios conservadores, enquanto as alternativas de financiamento coletivo ainda não atingiram a maturidade necessária.

A inteligência artificial começa a desempenhar um papel crucial na avaliação de risco. Algoritmos analisam milhares de dados para decidir em minutos se concedem ou não um empréstimo. Esta eficiência traz benefícios, mas também levanta questões éticas: até que ponto podemos confiar cegamente em máquinas para decisões que afetam a vida das pessoas?

O futuro do crédito em Portugal dependerá da capacidade de harmonizar tecnologia, regulação e educação financeira. Os próximos anos serão decisivos para determinar se conseguiremos criar um sistema mais justo, transparente e adaptado às necessidades reais dos portugueses. A revolução já começou - resta saber se seremos passageiros ou condutores desta transformação.

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