Portugal tem explorado fontes de energia renovável com um sucesso significativo, mas uma das áreas com maior potencial ainda subaproveitada é a energia geotérmica. Este recurso natural pode se tornar um dos pilares do futuro energético do país, oferecendo uma alternativa ecológica e eficiente às formas tradicionais de geração de eletricidade e calor.
Geotermia é o processo de utilização do calor natural da Terra, que está armazenado a diferentes profundidades, para a produção de energia térmica e elétrica. Em Portugal, especialmente nos Açores, esta forma de energia já está a ser explorada com algum sucesso. No entanto, o continente tem ainda um enorme potencial por explorar, especialmente em regiões como o centro e o sul do país.
A exploração geotérmica já mostrou ser uma solução eficaz e limpa para a produção de energia. Ao contrário das fontes fósseis, a geotermia emite muito menos dióxido de carbono e pode proporcionar uma produção estável e contínua. Para além disso, a exploração geotérmica pode ser integrada com outras formas de energia renovável, criando um sistema energético mais resiliente e versátil.
Porém, a expansão da energia geotérmica em Portugal enfrenta desafios significativos. O investimento inicial para perfuração e instalação de equipamentos é elevado, mas a longo prazo, os custos operacionais são relativamente baixos em comparação com outros tipos de energia. Além disso, a sensibilização e a aceitação pública ainda são barreiras que precisam ser superadas.
O governo português tem reconhecido a importância da diversificação das fontes de energia e já tomou algumas medidas para apoiar o desenvolvimento da geotermia, através de incentivos fiscais e subsídios. No entanto, para que esta indústria realmente alcance o seu potencial, serão necessárias políticas mais agressivas e um apoio mais direto às pesquisas na área.
Investir em linhas de investigação que possam reduzir os custos de perfuração e melhorar a eficiência das plantas geotérmicas é essencial. Universidades e centros de pesquisa nacionais têm um papel crucial a desempenhar, colaborando com entidades internacionais para desenvolver novas tecnologias e práticas que possam ser implementadas em Portugal.
Existe também um potencial latente para o uso de energia geotérmica em pequenas e médias empresas. Aplicações industriais como aquecimento de estufas agrícolas, processos de secagem e até o aquecimento de água para complexos turísticos podem beneficiar significativamente da energia geotérmica, reduzindo os custos operacionais e a pegada de carbono.
A academia e a indústria portuguesa devem trabalhar juntas num esforço coordenado para explorar e implementar tecnologias de geotermia. A colaboração público-privada poderá acelerar o tempo de desenvolvimento dos projetos e diminuir as barreiras técnicas e financeiras que hoje impedem o aproveitamento pleno desta fonte de energia.
Com uma visão de longo prazo, a adoção da energia geotérmica pode não só ajudar Portugal a atingir as suas metas climáticas, mas também criar um novo setor industrial de alto valor acrescentado. A criação de empregos especializados e a exportação de tecnologia e know-how português podem ser um dos motores de crescimento económico do futuro.
Em resumo, a energia geotérmica oferece uma oportunidade única para Portugal diversificar o seu portefólio energético, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e contribuir para um futuro mais sustentável. Entretanto, para que este potencial seja plenamente realizado, será necessário um esforço conjunto de governo, academia e indústria, alinhados numa estratégia coerente e de longo prazo.