Nos últimos anos, testemunhámos um aumento significativo nos ataques cibernéticos em todo o mundo. Este cenário alarmante impulsionou muitas empresas a recorrerem a seguros cibernéticos para se protegerem das crescentes ameaças digitais. Em Portugal, esta tendência não é diferente e está a ganhar destaque entre as pequenas e médias empresas (PMEs) e grandes corporações.
O que são exatamente os seguros cibernéticos? Resumidamente, são apólices que oferecem cobertura contra danos e perdas resultantes de incidentes cibernéticos, como violações de dados, ataques de malware, e até mesmo erros humanos que resultem em falhas de segurança. Com a digitalização das operações empresariais e o aumento do trabalho remoto, a necessidade de proteger dados sensíveis nunca foi tão crucial.
Os incidentes recentes em várias entidades, incluindo empresas de renome e instituições governamentais, demonstram a vulnerabilidade das instituições face aos hackers. Em 2021, a Vodafone Portugal foi alvo de um ataque que comprometeu temporariamente os seus serviços, destacando a necessidade de se estar preparado para qualquer eventualidade.
Mas será que todas as empresas portuguesas estão conscientes da importância dos seguros cibernéticos? Segundo um estudo recente da Associação Portuguesa de Seguros (APS), muitas PMEs ainda subestimam o impacto de um ataque cibernético e a recuperação financeira necessária após um incidente. O estudo revelou que apenas 37% das PMEs possuem algum tipo de seguro cibernético, um número alarmantemente baixo, especialmente considerando que os custos de recuperação podem ser devastadores.
Por outro lado, as grandes corporações estão a liderar o caminho da proteção digital. Empresas como a EDP e a Galp investiram pesadamente em seguros cibernéticos, reconhecendo que a sua infraestrutura tecnológica é um alvo constante para ataques. Esta medida preventiva não só protege as suas operações, mas também aumenta a confiança dos consumidores e parceiros comerciais.
Outra vertente interessante dos seguros cibernéticos em Portugal é a parceria crescente entre seguradoras e empresas de cibersegurança. A colaboração entre especialistas em segurança digital e seguradoras está a criar soluções personalizadas e eficazes, adaptadas às necessidades específicas de diferentes setores. Por exemplo, a MDS, uma das maiores corretoras de seguros em Portugal, colaborou com a vigiTrust para criar pacotes de seguros cibernéticos robustos, mas acessíveis para PMEs.
Alberto Fonseca, CEO da CyberPort, destacou em uma conferência recente a importância desta parceria: "A cibersegurança isolada não é suficiente. As empresas precisam de um plano de contingência completo, e é aqui que os seguros cibernéticos desempenham um papel vital. A proteção financeira complementa as medidas de segurança técnica, garantindo que as empresas possam recuperar rapidamente após um incidente."
No entanto, as empresas devem fazer a sua diligência antes de adquirir um seguro cibernético. As apólices podem variar amplamente em termos de cobertura, exclusões, e preços, e é crucial entender o que está realmente a ser protegido. Além disso, muitas seguradoras exigem que as empresas implementem medidas básicas de segurança, como firewalls e criptografia, antes de emitirem uma apólice.
Para além da proteção financeira, os seguros cibernéticos também oferecem benefícios adicionais, como serviços de resposta a incidentes e apoio legal. Após um ataque, cada minuto conta e ter uma equipa especializada pronta para atuar pode ser a diferença entre uma recuperação rápida e danos prolongados.
Em resumo, à medida que o panorama digital continua a evoluir, a necessidade de seguros cibernéticos em Portugal está a tornar-se evidente para todos os setores. As empresas, independentemente do seu tamanho, devem avaliar os riscos e considerar seriamente a adição desta proteção vital ao seu arsenal de segurança. A era digital trouxe consigo oportunidades imensas, mas também riscos significativos. Estar preparado é a chave para a resiliência e sucesso a longo prazo.