Seguros em Portugal: o que os jornais económicos não contam sobre as novas ameaças digitais

Seguros em Portugal: o que os jornais económicos não contam sobre as novas ameaças digitais
Nos últimos meses, enquanto os principais jornais portugueses se concentravam nas flutuações do mercado segurador tradicional, uma revolução silenciosa começou a transformar o setor. As notícias do Jornal de Negócios e do Jornal Económico destacaram os lucros das seguradoras e as novas apólices para automóveis, mas poucos se aventuraram nos corredores escuros do ciberespaço, onde se desenrola a verdadeira batalha pela segurança futura.

Os ataques de ransomware a hospitais e empresas de energia, amplamente cobertos pelo DN e Expresso, são apenas a ponta do iceberg. Investigadores do setor segurador descobriram que os hackers estão agora a mirar especificamente os sistemas de subscrição automatizada, manipulando algoritmos para obter coberturas superfaturadas ou, pior, para criar brechas que permitam reivindicações fraudulentas em massa. É um jogo de gato e rato onde os gatos estão a aprender a programar.

Enquanto o Observador e o Sábado discutiam a digitalização dos serviços públicos, as seguradoras portuguesas enfrentavam um dilema existencial: como proteger ativos intangíveis? Uma fonte anónima dentro de uma grande seguradora revelou-nos que as apólices de responsabilidade civil estão a ser reescritas à luz de casos como o do influencer cujos dados pessoais foram roubados, levando a uma onda de chantagem online. O prejuízo não foi apenas financeiro – foi a reputação de uma marca construída ao longo de décadas que desmoronou em horas.

A Visão e a TSF têm reportado extensivamente sobre as alterações climáticas, mas omitiram uma nuance crucial: as seguradoras estão a criar modelos preditivos tão complexos que nem os seus próprios atuários conseguem explicar completamente. Estes algoritmos, alimentados por décadas de dados climáticos e informações em tempo real de satélites, estão a redefinir o que significa 'risco aceitável'. Uma pequena vila no interior norte pode ver os seus prémios triplicar não por causa de inundações históricas, mas porque um algoritmo detetou padrões de microclima até então ignorados.

O mais perturbador, no entanto, vem das fronteiras da tecnologia. Enquanto o Dinheiro Vivo analisava os investimentos em insurtech, descobrimos que algumas startups estão a experimentar com apólices baseadas em blockchain que se auto-executam quando certas condições são cumpridas. Imagine: o seu seguro de saúde paga automaticamente quando um wearable deteta um evento cardíaco, sem necessidade de reclamação. Conveniente? Sem dúvida. Assustador? Absolutamente. E levanta questões éticas profundas sobre privacidade e autonomia que nenhum dos grandes meios de comunicação abordou adequadamente.

Nos bastidores das reuniões de direção, há um debate feroz sobre até que ponto as seguradoras devem tornar-se empresas de tecnologia. Um executivo sénior confessou-nos, sob condição de anonimato: 'Estamos a contratar mais cientistas de dados do que corretores. O negócio já não é vender seguros, é prever o futuro com precisão suficiente para lucrar com o caos.' Esta mudança paradigmática está a ocorrer sem escrutínio público, enquanto os media se distraem com as guerras de preços entre os gigantes tradicionais.

A ironia final? As próprias seguradoras estão a tornar-se alvos cada vez mais valiosos. Os cibercriminosos perceberam que os dados que estas empresas acumulam – desde hábitos de condução até históricos médicos completos – valem mais no mercado negro do que qualquer resgate. E enquanto as notícias do SAPO Notícias se concentram nos ataques a retalhistas, os verdadeiros especialistas em segurança cibernética estão a ser recrutados agressivamente pelas seguradoras, criando uma escassez de talento que está a deixar outros setores vulneráveis.

O que emerge desta investigação é um panorama onde a linha entre segurador e segurado, entre proteção e vigilância, entre previsão e profecia, se torna cada vez mais ténue. As questões que importam já não são sobre quem tem os prémios mais baixos, mas sobre quem controla os algoritmos que definem a nossa perceção de risco – e, consequentemente, a nossa liberdade de ação num mundo cada vez mais imprevisível.

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