A boca dos nossos animais de estimação esconde mais mistérios do que imaginamos. Enquanto a maioria dos donos se preocupa com a alimentação, vacinas e passeios, a saúde oral permanece a grande esquecida nos cuidados veterinários. A verdade é que 80% dos cães e 70% dos gatos desenvolvem doenças periodontais antes dos três anos de idade, um dado alarmante que poucos conhecem.
Os sinais são subtis e facilmente negligenciados. O mau hálito, longe de ser normal, é o primeiro aviso de que algo não está bem. Muitos donos aceitam-no como característica natural dos seus companheiros, ignorando que pode indicar infeções graves que, não tratadas, podem levar a complicações cardíacas e renais.
A escovagem dentária regular revela-se a medida mais eficaz, mas apenas 2% dos portugueses mantêm esta rotina. Os veterinários confessam, em off, que a maioria dos donos só procura ajuda quando o animal já recusa comida ou mostra dor evidente. Nessa altura, os tratamentos são mais invasivos e dispendiosos.
Os snacks dentários e brinquedos mastigáveis ajudam, mas não substituem a escovagem. A indústria de produtos para animais aproveita-se desta lacuna, promovendo soluções milagrosas que, na realidade, têm eficácia limitada. A escova e pasta dentária específicas continuam a ser as armas mais poderosas contra a placa bacteriana.
A anestesia para limpezas dentárias profissionais assusta muitos proprietários, mas os avanços veterinários tornaram o procedimento mais seguro do que nunca. Os protocolos anestésicos modernos são adaptados a cada animal, considerando idade, raça e estado de saúde. Adiar este cuidado por medo pode custar a qualidade de vida do seu companheiro.
As raças pequenas, como Yorkshire e Chihuahua, são as mais vulneráveis. A sua predisposição genética para problemas dentários exige vigilância redobrada desde filhotes. Já os gatos sofrem com reabsorção dentária, uma condição dolorosa que frequentemente passa despercebida até fases avançadas.
A alimentação seca não é a solução mágica que muitos pensam. Embora ajude ligeiramente na limpeza mecânica, não previne o tártaro como se acredita popularmente. A verdadeira prevenção está na combinação de dieta adequada, higiene regular e check-ups veterinários semestrais.
Os donos que investem na saúde oral dos seus animais poupam, a longo prazo, em tratamentos complexos. Um cuidado preventivo de 50 euros por ano pode evitar despesas de 500 ou mais quando surgem complicações. A economia é significativa, mas o verdadeiro valor está no bem-estar do animal.
A educação é a chave para mudar esta realidade. Clínicas veterinárias progressistas já implementam programas de conscientização, mostrando aos donos técnicas de escovagem e identificando precocemente problemas. Esta abordagem proativa está a transformar lentamente a cultura dos cuidados pet em Portugal.
No final, tudo se resume ao compromisso do dono. Assim como escovamos os nossos dentes diariamente, devemos estender esse cuidado aos nossos companheiros de quatro patas. A recompensa? Anos extra de vida saudável e alegre ao lado de quem mais amamos.
Os segredos que os veterinários não contam sobre os cuidados dentários dos animais
