Imagine esta cena: o seu fiel companheiro de quatro patas começa a coxear sem razão aparente. Leva-o ao veterinário e descobre que precisa de uma cirurgia urgente que custa mais de mil euros. Esta não é uma história de terror inventada - é a realidade de milhares de portugueses todos os anos. Enquanto investigava o mundo dos seguros para animais, descobri que a maioria dos donos só percebe o valor desta proteção quando já é tarde demais.
A verdade crua que ninguém quer enfrentar é simples: os nossos animais envelhecem, adoecem e, tal como nós, precisam de cuidados médicos que podem custar uma pequena fortuna. Durante as minhas investigações, conversei com donos que tiveram de escolher entre a saúde do seu animal e as contas do mês. A história da Carla, de Lisboa, ficou-me gravada na memória: "O meu labrador precisou de uma operação à anca que custou 1500 euros. Tive de pedir um empréstimo porque não tinha essa quantia poupada."
Mas afinal, como funcionam estes seguros que tantos ignoram? A mecânica é mais simples do que parece: pagamos um prémio mensal ou anual e, em troca, temos cobertura para despesas veterinárias, acidentes e, em alguns casos, até responsabilidade civil. Os valores variam consoante a raça, idade e historial médico do animal, mas geralmente situam-se entre os 10 e os 40 euros mensais.
O que mais me surpreendeu durante esta investigação foi descobrir que muitos portugueses ainda consideram o seguro para animais um luxo, quando na realidade pode ser a diferença entre salvar a vida do seu companheiro ou não. O Dr. Miguel Santos, veterinário com 25 anos de experiência, confirma: "Vejo demasiados casos em que as pessoas adiam tratamentos importantes porque não têm capacidade financeira. Um seguro poderia evitar muito sofrimento desnecessário."
Existem diferentes tipos de cobertura no mercado português. Os seguros básicos cobrem normalmente acidentes e doenças agudas, enquanto as apólices mais completas incluem consultas de rotina, vacinas, desparasitação e até tratamentos dentários. Algumas seguradoras oferecem mesmo cobertura para perda ou roubo do animal, e despesas de anúncio em caso de desaparecimento.
A escolha da apólice certa depende das necessidades específicas do seu animal. Um gato que vive exclusivamente em apartamento tem riscos diferentes de um cão que vai regularmente para o campo. Um animal mais velho precisa de mais coberturas do que um jovem. A Maria, do Porto, partilhou a sua experiência: "Contratei um seguro básico para o meu gato quando ele era novo. Agora que tem 12 anos, agradeço todos os dias por ter essa proteção, pois as despesas veterinárias triplicaram."
Um dos aspetos mais importantes - e frequentemente negligenciados - é ler as letras pequenas do contrato. Muitas apólices excluem condições pré-existentes, têm períodos de carência ou limites anuais de reembolso. Durante a minha investigação, encontrei casos de donos que só descobriram estas limitações quando precisaram de usar o seguro.
A evolução dos seguros para animais em Portugal tem sido lenta mas constante. Há dez anos, praticamente não existiam opções no mercado. Hoje, várias seguradoras nacionais e internacionais oferecem produtos adaptados à realidade portuguesa. A competição tem levado a melhores coberturas e preços mais acessíveis, mas ainda há um longo caminho a percorrer em termos de educação dos consumidores.
O futuro dos seguros para animais em Portugal parece promissor. Com o aumento do número de pets nas famílias portuguesas e a crescente humanização dos animais de estimação, a procura por estes produtos deverá aumentar significativamente nos próximos anos. Algumas seguradoras já estão a desenvolver apólices que incluem terapias alternativas como fisioterapia e acupuntura.
O consenso entre os especialistas com quem falei é claro: o seguro para animais não é uma despesa, mas sim um investimento na saúde e bem-estar do nosso companheiro. Como me disse um dono experiente: "Prefiro pagar 20 euros por mês e dormir descansado, do que arriscar ter uma despesa inesperada de milhares de euros que não posso suportar."
No final da minha investigação, cheguei a uma conclusão inescapável: ter um animal de estimação é uma responsabilidade que vai além de dar comida e carinho. Inclui garantir que podemos proporcionar-lhe os cuidados médicos de que precisa, quando precisa. O seguro para animais pode ser a ferramenta que permite cumprir esta responsabilidade sem colocar em risco a estabilidade financeira da família.
A pergunta que fica no ar não é se podemos pagar um seguro, mas sim se podemos arriscar não ter um quando o nosso melhor amigo mais precisa de nós.
Seguro para animais de estimação: o guia definitivo que todos os donos portugueses precisam ler
