Seguro para animais: o guia completo que ninguém te contou

Seguro para animais: o guia completo que ninguém te contou
Quando o Bruno trouxe Luna para casa, uma golden retriever de três meses, nunca imaginou que uma simples brincadeira no parque poderia custar-lhe 800 euros. A cadela fraturou uma pata ao perseguir uma bola, e o susto foi duplo: primeiro com o acidente, depois com a conta do veterinário. Histórias como esta repetem-se todos os dias em Portugal, onde cada vez mais famílias descobrem que amar um animal tem um preço – e que o seguro para animais pode ser a diferença entre salvar uma vida e enfrentar uma crise financeira.

A verdade é que poucos donos param para pensar nos números. Uma cirurgia de emergência pode custar entre 500 e 2000 euros. Uma consulta de especialista ronda os 80 euros. E tratamentos prolongados, como os para doenças crónicas, podem facilmente ultrapassar os 5000 euros anuais. São valores que fazem tremer qualquer orçamento familiar, especialmente numa altura em que os custos de vida não param de subir.

Mas afinal, como funcionam estes seguros? A maioria das apólices cobre acidentes, doenças, internamentos e cirurgias. Algumas incluem ainda consultas de rotina, vacinas e até tratamentos dentários. O preço médio varia entre 10 e 30 euros mensais, dependendo da raça, idade e historial clínico do animal. Parece pouco quando comparado com o potencial de despesas que pode evitar.

O mercado português tem vindo a crescer a um ritmo impressionante. Nos últimos três anos, o número de animais segurados aumentou 45%, segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores. Ainda assim, apenas 8% dos cães e 3% dos gatos em Portugal têm seguro – números baixos quando comparados com países como o Reino Unido, onde a penetração supera os 25%.

Porquê esta resistência? Muitos donos assumem que os seus animais são saudáveis e que nada de mal lhes vai acontecer. Outros consideram o custo proibitivo. E há ainda quem desconheça completamente a existência destes produtos. É uma combinação perigosa de otimismo, desinformação e ilusão financeira.

A experiência de Carla ilustra bem os riscos desta abordagem. A sua gata, Mia, desenvolveu diabetes aos sete anos. Os custos mensais com insulinas, seringas e consultas de controlo rondam os 120 euros. "Se tivesse feito o seguro quando ela era nova, pagaria menos de metade disso em premiums anuais", conta Carla, visivelmente arrependida. "Agora, nenhuma seguradora aceita cobri-la por ser considerada um caso de pré-existência."

Este é precisamente um dos pontos mais importantes: a idade de entrada. Quanto mais novo for o animal ao subscrever o seguro, menor será o prémio e maior a probabilidade de cobertura total. Muitas seguradoras estabelecem limites de idade máxima para novas adesões, geralmente entre 8 e 10 anos para cães e 12 para gatos.

Mas nem tudo são rosas no mundo dos seguros para animais. Há exclusões que podem surpreender os donos menos atentos. Doenças hereditárias, condições pré-existentes e tratamentos alternativos como acupuntura ou fisioterapia são frequentemente excluídos. Algumas apólices não cobrem animais de raças consideradas de risco ou com historial de agressividade.

A escolha da seguradora é outro desafio. Em Portugal, operam cerca de uma dúzia de empresas no segmento pet, cada uma com diferentes coberturas, limites anuais e franquias. A comparação cuidadosa é essencial. "O mais barato nem sempre é o melhor", alerta Pedro Silva, corretor de seguros com 15 anos de experiência. "Há que ler as letras pequenas, perceber os limites de cobertura por tratamento e verificar a rede de veterinários parceiros."

Os benefícios vão além da proteção financeira. Muitos seguros incluem serviços de apoio como linha de aconselhamento veterinário 24 horas, assistência em viagem e até cobertura em caso de morte acidental. São valias que podem fazer a diferença em situações de stress.

E o que dizem os veterinários? A maioria defende estes produtos. "Vejo muitos donos a terem de optar pela eutanásia porque não podem pagar tratamentos caros", confessa Dra. Isabel Martins, veterinária há 20 anos. "O seguro tira esse peso das costas das famílias e permite-nos focar no que realmente importa: a saúde do animal."

O futuro promete trazer novidades. Já existem seguros que cobrem tratamentos de oncologia e fisioterapia, e algumas empresas estão a testar modelos de subscrição baseados em wearables que monitorizam a atividade dos animais. A digitalização está a tornar o processo mais simples e transparente.

Enquanto isso, histórias como a de Luna continuam a servir de alerta. O cão recuperou completamente, mas Bruno aprendeu a lição: no dia seguinte ao acidente, fez seguro para todos os seus animais. "É como o seguro do carro", reflete. "Esperamos nunca precisar, mas se precisarmos, agradecemos tê-lo."

No final, a decisão resume-se a uma questão: até onde estamos dispostos a ir pela saúde dos nossos companheiros? Num país onde os animais são cada vez mais considerados membros da família, talvez a resposta esteja mais clara do que pensamos.

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